sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Leitura na Internet substitui livros?

Motoko Rich.
Tradução: Paulo Migliacci.

O que significa ler, na era digital? Será que a leitura na internet substitui os livros "de verdade"? A discussão acontece entre criadores de políticas educacionais e especialistas em leitura ao redor do mundo, além de envolver grupos como o Conselho Nacional de Professores de Inglês e a Associação Internacional de Leitura.
Com a queda e a estagnação das notas de adolescentes em testes padrão de leitura, alguns argumentam que as horas gastas navegando na Internet são inimigas da leitura - diminuindo a alfabetização, destruindo os níveis de atenção e dilapidando uma preciosa herança cultural comum que existe apenas por meio da leitura de livros.
Mas outros dizem que a Internet criou um novo tipo de leitura, que não deve ser desprezado por escolas e pela sociedade. A web inspira adolescentes que poderiam passar a maior parte de seu tempo de lazer vendo televisão, a ler e a escrever.

Pelo menos desde a invenção da televisão, os críticos alertam que a mídia eletrônica vai acabar com a leitura. A diferença agora, dizem alguns especialistas em alfabetização, é que passar tempo na Internet, mesmo que seja procurando alguma coisa no Google, requer alguma interação com textos. Poucos que acreditam no potencial da Internet negam o valor dos livros. Mas eles argumentam que é pouco realista esperar que todas as crianças leiam "O Sol É Para Todos", de Harper Lee, ou "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen, por diversão. E os que preferem contemplar a televisão ou apertar botões em um controle de videogame, eles dizem, ainda podem se beneficiar pela leitura na web. Na verdade, alguns especialistas em leitura dizem que a capacidade de leitura online vai ajudar muito mais as crianças quando elas começarem a procurar empregos da era digital.
Alguns proponentes das virtudes da web dizem que as crianças devem ser avaliadas por sua proficiência na Internet assim como são testadas quanto à sua compreensão de textos impressos. A partir do ano que vem, alguns países vão participar de novas avaliações internacionais de alfabetização digital, mas os Estados Unidos, por enquanto, vão ficar de fora.

Os jovens "não se incomodam tanto como nós, pessoas mais velhas, com leituras que não se enquadrem ao padrão linear", disse Rand Spiro, professor de psicologia educacional na Universidade Estadual do Michigan que está estudando as práticas de leitura dos usuários de Internet. "E isso é uma vantagem, porque o mundo mesmo não é linear, e tampouco é organizado em compartimentos ou capítulos separados".

Alguns tradicionalistas preferem advertir que a leitura digital é o equivalente intelectual da teoria de que existem "calorias vazias", que não engordam. Muitas vezes, eles afirmam, os escritores que utilizam a Internet empregam um jargão misterioso que incomoda os pais e professores. Ao ler em ziguezague a cornucópia de palavras, imagens, vídeos e sons, eles afirmam, os usuários mais se distraem do que se beneficiam. E muitos jovens passam a maior parte do tempo que dedicam à Internet jogando alguma coisa ou enviando mensagens, atividades que envolvem um mínimo de leitura.

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